sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Haiti...

“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.”

– I João 3: 16 e 18


Nunca tive planos de conhecer o Haiti e muito menos imaginava que um dia iria para lá.

No início deste ano, no dia 12 de janeiro às 16h53 (hora local), um forte terremoto de magnitude 7 devastou o Haiti. Pelo menos 200 mil pessoas morreram, 300 mil ficaram feridas, 4 mil foram amputadas e 1 milhão ficaram desabrigadas. Nesse dia eu estava visitando minha família no Japão e quando vi as notícias nos telejornais não compreendi. Apenas quando cheguei ao Brasil é que pude compreender melhor a situação.

Mesmo assim, não imaginava que seria possível eu ajudar de alguma forma as vítimas dessa catástrofe. A única coisa que eu sabia e que queimava em meu coração, era que minha vida estava no altar do Senhor e que Ele podia me usar como quisesse.

Em meados de abril, meu pastor participou de um treinamento para socorristas, da Ong AME – Associação Missão Esperança – a SOS Global. Como socorrista da SOS Global, ele passou a receber boletins informativos e em um desses, havia um convite para profissionais da saúde e professores, para participarem do projeto de férias no Haiti. Ele se lembrou de mim e me fez o convite. Eu não imaginava que era sério, mas aceitei. Tive que enviar para a base da AME meu currículo e esperar o retorno.

Fiz a minha parte e descansei. Em junho, no dia que eu estava embarcando para o acampamento de adolescentes, recebi um e-mail da base falando que meu currículo havia sido aprovado e se eu realmente estava interessada em fazer parte da equipe de férias no Haiti. Mais que depressa eu disse “Sim!” e passei a me comunicar com a equipe que iria comigo. Tivemos algumas lutas, mas sempre entregávamos tudo ao Senhor, para que Ele nos conduzisse conforme a vontade dEle.

No dia 15 de julho, embarcamos para o Haiti: eu, Ana (médica pediatra), Fabiana (enfermeira) e Samuel (estudante de geografia que havia estado no Haiti no início do ano, para montar barracas para os desabrigados).

Ficamos hospedados na residência de um pastor haitiano, que tinha auxiliado a primeira equipe da SOS Global que esteve no início do ano para socorrer as vítimas do terremoto. A filha do pastor, Rose, ficava conosco o tempo todo, nos acompanhando nos atendimentos e nas demais atividades desenvolvidas. Nossos planos iniciais era prestar atendimento médico as crianças do orfanato cuidado por esse pastor e fazer algumas atividades de recreação com elas.

Mas não foi bem assim que aconteceu. Foi necessário prestarmos atendimento na igreja para atender a comunidade local. Então combinamos de fazer esse atendimento na igreja no período da manhã e a tarde, íamos ao orfanato fazer as atividades com as crianças.

A língua falada no Haiti é o francês e o crioulo. Comunicávamos-nos com o inglês e tentávamos aprender um pouco do crioulo. Nos primeiros dias fiquei muito insegura, pois não falo muito bem o inglês. Orei e expus isso ao Senhor. No dia seguinte a oração, fui preparar uma brincadeira para as crianças e pedi a bíblia em crioulo do pastor. Ao folhear a bíblia, me deparei com um versículo grifado, era I João 3:18. Senti curiosidade de saber o que dizia e peguei minha bíblia para lê-lo. Quando li, não pude conter as lágrimas, era a resposta do Pai para mim: para demonstrarmos o amor de Cristo, as palavras não são necessárias, mas as ações!

E realmente vivi essa verdade em minha vida! Antes de chegar ao Haiti, achava que iria ajudá-los, dar muito de mim, levar o amor de Cristo aos órfãos e feridos. Mas ao chegar lá e conviver com as pessoas haitianas, encontrei um povo grato a Deus, que sabe adora-lO independente das circunstâncias. Um povo que sabe dividir e ajudar o próximo. Eles precisam de muita ajuda sim, principalmente no que diz respeito à assistência humanitária, mas eles também têm muito a que nos ensinar.

Essa viagem ao Haiti foi um presente do Pai para mim. Sonhos antigos foram resgatados no meu coração, uma parte de mim que estava adormecida foi despertada. Pequenos desejos do meu coração, como voar num avião de elicies, dormir ao ar livre debaixo de uma lua linda e um céu cheio de estrelas, visitar uma base militar, conhecer a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras... Foram realizados! Na verdade, foram superados.

Enfrentei alguns perigos sim, mas não tive medo, pois a certeza de que o Pai estava cuidando de nós era maior. Superei desafios que não achava que iria superar. Aprendi a dar valor a pequenas coisas e ser grata por tudo o que tenho. Aprendi que realmente tudo tem o seu tempo e que existe tempo para todo propósito debaixo do céu (Eclesiastes 3:1).

Esse foi o tempo perfeito, foi o Kairós de Deus! Ainda há muito a ser feito no Haiti. Precisamos orar para Deus fortalecer nossos irmãos, ajuda-los a ter sabedoria para que o próximo governante venha realmente cuidar dessa nação. Precisamos orar pelas vítimas da cólera e que algo seja feito para erradicar essa doença que tem feito tantas vítimas.

Há muito a ser feito, não apenas no Haiti, mas em todos os lugares. Minha oração é para que Deus desperte Seus filhos que manifestarão Sua glória e Seu amor nesta terra. Que possamos ouvir o chamado do Pai, sentir o Seu coração e amar com Seu amor. Dando as nossas vidas pelos nossos irmãos, amando não apenas de palavras e de boca, mas em ação e em verdade! Que nos coloquemos nas mãos do Senhor e deixemos que Ele realize em nós a Sua vontade, pois ela é boa, perfeita e agradável.

Juntos pelo Reino,

Juliane Oki Carraro
Do Brasil até aos confins da terra.

Ser uma voz!

 Você já ouviu aquele ditado "quem cala consente"?  Não sei se é a idade chegando, mas a cada dia fico mais cansada de contra argu...